quarta-feira, 26 de novembro de 2008

"Bode espiatório"

É incrível como os fatores extra campo estão se sobressaindo no futebol brasileiro. O motivo da vitória ou da derrota não é mais imputado a como os jogadores de comportam em campo JOGANDO, o problema é do gramado, é do árbitro, é da torcida e em Recife, após o acontecido no dia 1° de Junho nos Aflitos, o problema é da Polícia.Não sei o que se passa na cabeça de alguns dirigentes de clubes, alguns técnicos e de alguns jogadores para afrontar e desrespeitar fervorosamente a Polícia Militar.Fique claro que nenhum policial militar tem o intuito de sacrificar suas horas de folga aleatoriamente para travar um embate com qualquer figura participante de uma praça desportiva, seja torcedor, técnicos, árbitros, protagonistas da partida, etc. Assim como, diante da profissão que escolhemos e da situação de violência que vivemos hoje em nossa sociedade, não podemos e nem queremos perder o anonimato propositadamente, motivo pelo qual não “procuramos problemas”, nem “queremos aparecer” como algumas pessoas teimam em afirmar.Da mesma forma que há provocação entre jogadores adversários numa partida de futebol, parece que agora alguns jogadores, técnicos e diretores de clubes querem “jogar” com o policiamento do Batalhão de Polícia de Choque, provocando descaradamente os policiais, como aconteceu no dia 1° de Novembro do corrente, infelizmente, mais uma vez no Estádio dos Aflitos. Na frente dos árbitros e das câmeras o goleiro do Vitória dirigiu-se rispidamente ao Capitão comandante do policiamento na partida. Para evitar maiores transtornos e uma repercussão negativa, como parte da imprensa do Sul e Sudeste do Brasil insistiram em veicular na ocasião da ocorrência com o zagueiro do Botafogo, conseguindo, afinal têm um poder de divulgação monstruosamente grande, o Oficial não tomou nenhuma atitude no momento. Deixando para conversar com o goleiro no vestiário para lhe pedir que da próxima vez tratasse com respeito a Polícia Militar, pois a nossa presença ali é em prol da segurança de todos.Infelizmente, como já dito anteriormente, a derrota precisa ser imputada a alguém que não aos próprios jogadores, e a tentativa de prejudicar o time adversário que acabara de sair da zona de rebaixamento independe de conceitos éticos e de moralidade.Vários times jogam nos Aflitos, mas só se perderem é que verificam inúmeros defeitos no gramado, etc. Por que será???O diretor do Vitória disse que o policiamento tinha “colocado” gás de pimenta dentro do vestiário, como fariam isso se nenhum policial militar entrou no vestiário após a partida??? Fato comprovado pelo funcionário da Federação Pernambucana de Futebol que estava na entrada do vestiário e não viu nenhum PM entrar no local. O que aconteceu foi que os jogadores, ao término da partida, entraram no vestiário e depois saíram dizendo que tinha gás de pimenta lá dentro. O engraçado foi que depois voltaram para o vestiário e ficaram lá, num ambiente “gasado” onde, há poucos minutos era “impossível” permanecer.Mais interessante ainda: membros da imprensa entraram no vestiário e confirmaram que não tinha gás nenhum lá dentro.Agora eu pergunto: com que intenção a Polícia Militar atiraria gás de pimenta no vestiário do time visitante?? Com que finalidade?? Ninguém procura nada pra se prejudicar!! A PM ganharia o quê com isso??? NADA!!Agora, com que intenção os dirigentes do clube perdedor armariam uma farsa blefando quanto a atitude da Polícia Militar??? Prejudicar o Náutico!!!NÃO CAIAM NESSA!!É certo e sabido que hoje é difícil encontrar um jogador que tenha amor à camisa que enverga, o que amam mesmo é o dinheiro!!Se não têm capacidade de ganhar o jogo dentro das 4 (quatro) linhas, logo tentam arranjar uma motivação extra campo para explicar suas falhas técnicas e o resultado negativo no placar.É necessário educação, ética e moralização por parte dos que fazem o futebol brasileiro, pois em nenhum momento os policiais que fazem o Batalhão de Polícia de Choque querem ser astros como ultimamente se quer por fina força enquadrar o nosso policiamento.

domingo, 17 de agosto de 2008

Imprensa, futebol e nativismo.

No dia primeiro de junho, a imprensa brasileira fez duzentos anos. Chegou tarde; o México já possuía uma desde 1535. Nada, pois, a agradecer a sua Majestade D. João VI. Assim pensava Hipólito da Costa, idealizador e editor de o “Correio Braziliense”, mensário publicado na Inglaterra e que circulou no Brasil de 01 de junho de 1808 a dezembro de 1822. Não há o que agradecer, mas há o que comemorar. Entre erros e acertos, grandezas e fraquezas, o saldo é prá lá de positivo. Imprensa e Parlamento são almas gêmeas na conquista e na manutenção da liberdade. Não foi diferente com a imprensa brasileira. Curiosamente, neste dia emblemático, setores da imprensa brasileira esquecem que este I de imprensa é o mesmo I de imparcialidade. Refiro-me ao tratamento dado aos lamentáveis episódios ocorridos no jogo entre o Náutico e Botafogo, mais especificamente, nos programas “Troca de passes” (domingo) e no “Bem, amigos” (segunda-feira), ambos do canal Sport TV.
No domingo, foi menos. Registrem-se o piti de Telmo Zanini e a injustificada participação dos Srs. Wanderley Luxemburgo e Abel Braga que, em relação ao episódio, somente tinham em comum o “chocolate” que levaram do Sport na Copa do Brasil. Deram uma colher de chá ao Presidente da Federação e ao Presidente do Náutico. Um faz-de-conta de direito de resposta. Mas o clima estava preparado para demonstrar a insegurança em Pernambuco, a truculência da polícia e vitimizar o Botafogo. Para tanto, sua excelência os fatos foram devidamente manipulados e, no “Bem, amigos”, escandalosamente distorcidos e desequilibradamente mostrados ao país. Jogaram na cesta do lixo os singelos mandamentos do bom jornalismo. Ouviu-se uma parte, uma versão – a do Presidente do Botafogo com direito a uma babosa paparicagem – a tal ponto que o Sr. Galvão Bueno estranhou a edição da fala (menos de trinta segundos) do Presidente da Federação Pernambucana. Assegurar a igualdade de espaço às partes envolvidas numa reportagem está para o jornalismo como o sagrado princípio do contraditório está para o direito. Hipólito da Costa está dando voltas no túmulo. A parcialidade (sem essa de visão conspiratória) é escancarada. A rigor, três fatos permeiam os acontecimentos: 1. FATO CONSENSUAL: o desequilíbrio emocional do jogador André. Está registrado nas imagens e no desfecho processual do caso. O desequilíbrio levou o atleta a disparar suas angústias em todas as direções (companheiros de equipe, juiz, auxiliar, adversários, torcida e policiais). Atitude grave porque contribui para o contágio, fenômeno de massas, que estimula sentimentos e emoções de toda ordem nas praças de esportes (alegria. tristeza, frustração, exaltação, violência), contágio que vem do campo para as arquibancadas e das arquibancadas para o campo. O atleta não é marginal, foi coro dos jornalistas. Em princípio, ninguém o é. No entanto, comportou-se como tal. Fez-se transgressor de vários códigos. Foi expulso e preso. 2. FATO POLÊMICO: a ação da polícia. E que será sempre polêmica aqui e alhures. A razão é simples: toda polícia exerce o legítimo monopólio da força, elemento constitutivo do Estado, para assegurar a paz social. O limite entre o uso e o abuso desta força é tênue. Será sempre discutível, discutida e deverá ser punida pelos excessos. No caso da Polícia Militar de Pernambuco dou meu testemunho na condição de autoridade pública quando exerci as funções de Governador e Vice-Governador: sob meu comando, em momentos de grave tensão, a corporação cumpriu de modo exemplar o seu dever. 3. FATO INUSITADO: a imediata ameaça de representação de Sua Excelência, Paulo Schmitt, procurador do STJD, responsabilizando o Clube Náutico Capibaribe pelos incidentes. Se o Estádio dos Aflitos “faz jus ao nome”, como ironizou, estou autorizado a supor que o seu sobrenome Schmitt faz jus à sua ancestralidade nazista, Herr Führer Paulo. Este senhor foi extemporâneo. A pressurosa celebridade deitou falação sem a cautela aconselhável aos guardiões da lei. E o que é pior, usando frase de efeito: ‘o excesso de segurança gera insegurança’. O que significa ‘excesso de segurança’? O que o senhor entende de gestão de segurança, em especial, nos eventos de massa? Em seguida, alegou que “é preciso encontrar um responsável”. A pergunta é: como responsabilizar o clube que não tem poder de comando, não define táticas e estratégias, enfim, não tem a voz da autoridade, como pode ter o ônus da responsabilidade? A se concretizar a punição, o Náutico, será o único caso na história universal em que a torcida (bem comportada) é moralmente afrontada, leva “dedadas” e ‘garrafada’ do jogador e o clube é penalizado. Aprendi a lição: vou vestir definitivamente a camisa azul e branca do meu Estado; vou colocar o sentimento nativista acima da rivalidade clubística; prefiro sofrer a gozação dos meus adversários à discriminação arrogante de compatriotas aos quais respondo com a verticalidade pernambucana do “mandacaru que dá a vitalícia banana/a todos que do sul/olham-no do alto da mandância” (João Cabral em “Pernambuco em mapa”).


Por Gustavo Krause.

A paixão que bloqueia a razão.

A idéia do esporte como instrumento de pacificação e de aproximação das pessoas está comprometida entre nós. O episódio protagonizado pelo zagueiro André Luís, do Botafogo, faz o futebol parecer uma competição em que a truculência é parte dos lances e, pior, cria muros, regionaliza a paixão e torna mais profundo o poço que parece separar os brasileiros, quando se trata de saber quem tem a hegemonia. O Sudeste se arroga a supremacia sobre o Nordeste e isso não é nenhuma novidade. Vez por outra chega a assumir ares de separatismo, pura e simplesmente, porque se consideram superiores ao atrasado Nordeste, apenas uma carga pesada.Quando tamanha ignorância da história de nosso País e tanto descaso para com o significado aglutinador e pacificador dos esportes são jogados no lixo por formadores de opinião – como é o caso de parte da grande imprensa do Sudeste – aí a questão assume uma gravidade ainda maior. Porque se eles têm a hegemonia política e econômica podem utilizá-la para tudo mais, como estão fazendo agora, mesmo quando é tão evidente que nós – o Náutico, a Polícia Militar, a torcida pernambucana – é que fomos agredidos por uma atitude brutal e intolerável de um jogador de futebol.Os fatos são de tamanha clareza, documentados pelas imagens de TV, ao vivo ou gravadas, que espanta a parcialidade de boa parte da grande imprensa do Sudeste. Uma parcialidade que vai além das preferências clubísticas e agride os mais elementares princípios do bom jornalismo. Como se eles, e apenas eles, fossem donos da verdade, até mesmo quando manipulam os fatos. Assim, vejamos: Quem foi expulso por jogada violenta? Quem reclamou do árbitro? Quem chutou uma garrafa que atingiu um torcedor e deu um murro na coberta do banco de reservas? Quem, convidado a sair de campo, agrediu com palavras e gestos uma policial? Sabem os intérpretes futebolísticos do Sudeste que o personagem de todas essas atitudes grosseiras, fartamente documentadas, foi o zagueiro André Luís?Aparentemente, sabem, mas, para não deixar cair a bola e manter a superioridade regional, jogam toda culpa na Polícia Militar. Quem acompanha o futebol em qualquer parte do mundo sabe que, lamentavelmente, o que deveriam ser competições saudáveis mais e mais se transformam em confrontos, como aconteceu com o Sport Club do Recife, discriminado e agredido no Rio de Janeiro pela torcida vascaína, naturalmente sem a repercussão apaixonada, como agora, dos intérpretes do futebol brasileiro na ótica do Sudeste.A presença da força policial em campo, como eles devem saber, serve para prevenir, conter paixões, impedir violência e restaurar as condições de competitividade em torno da bola. No caso do incidente no campo do Náutico, a polícia agiu com firmeza, sim, porque qualquer ação policial para impedir tumultos terá que ser com firmeza. E foi o que vimos e continua a ser mostrado em gravações de TV. Uma policial foi tratada com desrespeito quando tentava restabelecer as condições do jogo. A decorrência natural foi a voz de prisão, porque se assim não tivesse sido poderíamos, aí sim, instalar as condições de bagunça, pela omissão, generalizando a violência iniciada pelo zagueiro truculento.Agora, vêm insinuar que o Náutico poderá ser punido por isso e é curioso ver que os artigos elencados como “culpa” depõem, ao contrário, a favor do clube. Se tinha que garantir a segurança, foi exatamente o que fez, assim como foram tomadas as providências para reprimir e prevenir desordens. Mas é o que vem sendo apresentado pelos separatistas como truculência da Polícia Militar.É desejável que não se transforme esse episódio em mais um componente nessa tentativa de apresentar um Brasil dividido entre regiões mais desenvolvidas e menos desenvolvidas, até nos esportes. Esse é o maior de todos os atrasos e não pode ser alimentado a partir de uma atitude impensada de um jogador de futebol que no calor de uma disputa é levado ao excesso que turva e compromete a razão.


EDITORIAL DO JORNAL DO COMMERCIO 03/06/2008.

domingo, 22 de junho de 2008

PERNAMBUCANIDADE



Seis horas antes do jogo ela se reúne com o grupo precursor. Orienta e repete o que eles, (alguns já com quase trinta anos de batalhão) estão cansados de saber:


- Verifiquem as entradas! Se há entulhos que possam ser usados como armas! Montem a divisão de torcida! Cuidado com a postura! Etc. e mais etc.


É mais um jogo. Normal. Rotineiro. A doutrina de Choque é relembrada e a preparação é sempre a mesma: cuidados, alertas, orientações, cuidados, cuidados, cuidados...


A tropa. Ah, a tropa... Já calejada, espera a distribuição das patrulhas. Sargento fulano: entrada da Angustura. Sargento Beltrano: Rua Manoel de Carvalho. Cabo Cicrano: Divisão de torcida. São em média 80 jogos por ano, entre Brasileirão e o Campeonato Pernambucano da primeira divisão. Todos devem ser perfeitos. É igual ao trio de arbitragem: se não aparecer funcionou a contento.


Três horas antes do jogo o capitão comandante do policiamento desloca o restante da tropa para o estádio. Chama a Aspirante e transmite as ordens finais. Cuidados, cuidados, cuidados...


Com pouco menos de um ano na unidade, a aspirante também já sabe suas atribuições. Aprendeu rápido. Já sabe que deve agir com segurança, equilíbrio, rapidez e com senso de justiça inerentes a quem decide num gabinete com ar condicionado. Não interessa. Acertou-se, agiu com bom senso. Errou-se, faltou maturidade, técnica e bom senso.


Tudo bem, essa é a profissão que ela escolheu desde que se entende por gente, quando envergava a farda azul do Colégio da Polícia Militar. Filha de um Praça da PM, estudou e conseguiu realizar o sonho de fazer o Curso de Formação de Oficiais e escolher o Batalhão de Choque para servir.


Começa o jogo. Apesar da aparente normalidade, pensa: hoje ta diferente. O clima não está bom! De repente, um ser desgovernado, destemperado, desesperado, sai do gramado, salivando e chutando uma “bola” em forma de garrafa e apontando seus dedos médios para a torcida da casa, que revoltada com aqueles gestos clama uma resposta. Cadê a Polícia? Tem que prender! Marginal!


Segundos são suficientes para a pronta resposta. Ela se aproxima e pensa: vou fazer a condução até o vestiário e em seguida será conduzido o “profissional” até a delegacia. Cometeu dois delitos. Não posso ser omissa.


- Me acompanhe!


- Não toque em mim! Não vou ser conduzido! Sai daqui sua polícia de merda!!!


Opa desacato: a partir daí, todo mundo viu. Tentativa de imobilização, fuga, jogadores partindo em socorro ao companheiro, seguranças no vestiário, confronto iminente, saída rápida e segura, presidente de clube obstruindo trabalho da polícia, desacatos, delegacia, denuncias absurdas de agressões e finalmente julgamento e condenação.


Durante o entrevero já se noticiava nas emissoras do Sudeste, o “absurdo” cometido pela polícia pernambucana. Terra de ninguém, atrasada, futebol de segunda, só podia dar nisso!


Durante toda a noite e na manhã seguinte as resenhas anunciavam, já estava eleita a culpada. Nossa briosa PMPE e em especial o Batalhão de Choque. Trabalho de quase vinte e oito anos jogado na lama pela imprensa do Sul/Sudeste, atribuindo à falta de preparo e a incompetência da polícia como causa para o que se viu nos Aflitos.


Não faz mal pensávamos nós, estamos acostumados à falta de reconhecimento, injustiças e denuncias vazias. Entretanto, com a enxurrada de acusações não só a aspirante, bem como toda a tropa, passou a ter um sentimento de revolta de como estavam sendo tratados. O exagero passou a nos incomodar. O alento vinha daqui!A nossa imprensa que estava presente ao estádio e acompanhou tudo de perto, começou a falar o que nos interessava: a verdade!!


Pela primeira vez se viu uma quase unanimidade de opiniões, comentários e relatos em favor da PM. Logo se percebeu que os estragos poderiam atingir não só a corporação, mas também o Náutico e a própria Federação Pernambucana de Futebol. A ferocidade dos meios de comunicação nacional, em particular as emissoras de televisão, com relação à incapacidade de serem realizadas partidas de futebol no estado de Pernambuco, acendeu a luz vermelha de alerta para as reais intenções para com o futebol do nosso estado.


Tentativa de tirar a possibilidade de sermos subsede da copa do mundo? Inveja da atual situação dos clubes pernambucanos na séria A do Brasileiro? Tentativa de impedir a realização da final da Copa do Brasil na Ilha do Retiro?


De repente, e de forma natural, começou a defesa coletiva de todos os pernambucanos. Imprensa, políticos, empresários e torcedores revoltados com os absurdos propagados pelos “colonizadores” como se aqui não houvesse tradição histórica, cultural, artística, política e no futebol.


Volta então à cena a nossa protagonista, a Aspirante Lúcia Helena, ainda sob os efeitos da ressaca da tumultuada noite, descobre em sua página de um site de relacionamentos, quase vinte mil recados contendo mensagens de cunho racista e de preconceito pelo fato de ser mulher, negra, policial e nordestina. O choque inicial deu lugar a uma postura impressionante de superação e demonstração de equilíbrio que demonstrou tanto no campo de futebol, quanto no desenrolar da ocorrência, bem como nas diversas entrevistas que concedeu ao longo dos últimos dias. As agressões que sofreu foram compartilhadas pela população pernambucana como se cada ofensa atingisse a alma de todos nós.


Pouco a pouco, a aspirante vai aparecendo nos noticiários locais e de forma tranqüila narra os fatos apresentando a verdade tão desprezada pela imprensa de fora. Aí vem então a oportunidade que todos os que fazem o futebol de nosso estado esperavam ter. Um programa de audiência nacional, com uma apresentadora curiosa com o fato de a nossa aspirante ter efetuado a prisão de uma “celebridade” carioca e talvez na tentativa de expor as “deficiências” e “incompetências” de nossos tão “despreparados” policiais, resolve entrevistar Lucia Helena. Finalmente, a oportunidade de expor aos desinformados o que se passou de fato. Programa voltado para um público diferenciado, poderia ter abordado o fato de ela ser mulher e buscar curiosidades da sua profissão. Não foi assim, inesperadamente, a apresentadora começou a zombar do nosso sotaque, no que foi prontamente corrigida por Lucia Helena. Começou bem. Pensei. Para depois num sentimento de admiração e orgulho ouvir durante mais de dez minutos a aspirante discorrer de forma brilhante sua história verdadeira.


Nas ruas o reconhecimento, em cada mensagem que recebemos, em cada telefonema, onde os choqueanos passam palavras de congratulações a serem levadas a aspirante. Lavou a nossa alma de policiais, acredito que tenha também lavado a alma de todos os pernambucanos que, gostando ou não de futebol, tem orgulho de ser Leão do Norte e de ter, nesse episódio, despertado mais uma vez o sentimento de PERNAMBUCANIDADE.


Ten Cel LUÍS - Comandante do Batalhão de Polícia de Choque de Pernambuco


Autor


sábado, 21 de junho de 2008

Não ao preconceito!!


É incrível como uma simples ocorrência policial teve uma enorme repercussão como aconteceu com a prisão do Jogador André Luiz do Botafogo durante a partida NÁUTICO X BOTAFOGO no último dia 1º Junho do corrente ano.
Mais incrível ainda foi a verificação explicitamente divulgada do preconceito existente de algumas pessoas que vivem no "Sul Maravilha" para com a região Nordeste. Sem contar no milagre que alguns conseguiram fazer vendo "coisas" onde não existiam...
Como algumas pessoas que fazem a imprensa, seja televisiva, radiofônica, escrita e até mesmo pela web enxergaram violência, truculência, abuso de autoridade, despreparo, etc. por parte da Polícia Militar de Pernambuco - não de Recife como muitos desavisados, para não adjetivar de outra forma, noticiaram - mas consideraram normal as atitudes do jogador do Botafogo.
Como alguém entra em terras alheias, agride, ofende toda uma torcida, toda uma população, todo um povo, toda uma região!!!
Eu, particularmente, gostaria muito que alguém me mostrasse nas imagens amplarmente divulgadas onde se encontra a violência, a truculência e/ou o abuso de autoridade por parte dos policiais. A violência, a agressividade, o descontrole, a emotividade na situação foi verificada sim, nas ações do jogador. Isso é claro!! Ele consegue se desvencilhar, com toda a sua força, de dois policiais após ter recebido voz de prisão por ter praticado o desacato a uma autoridade constituída, enquadrando-se ainda em resistência e desobediência. Quem é que pode dizer "POLICIAL DE MERDA" apontando o dedo para o rosto de uma policial militar e ficar impune?? Nem mesmo os que têm imunidade parlamentar cometeriam tal despautério. Disparate maior ainda aconteceu depois, quando o Presidente do Clube tentou impedir o trabalho da PM, tentou obstruir um ato legal que estava sendo desencadeado, sem contar na forma como ele se reportou aos policiais presentes na situação e se comportou diante de outras autoridades constituídas presentes que verificaram todos os fatos.
Bastante paradoxial taxar a atitude da Polícia Militar como truculenta, dizer que os protagonistas de espetáculos futebolísticos não podem ser tratados como marginais mesmo tendo histórico num estádio de São Paulo de um jogador argentino que foi ALGEMADO pela Polícia Militar daquele Estado acusado de ofender um jogador brasileiro. Atitude esta que foi aplaudida pela mesma imprensa que hoje veicula negativamente a ação da Polícia Militar de Pernambuco. Por que esta diferença??? Percebam que o jogador argentino não tinha agredido um torcedor, feito gestos obcenos para a torcida, nem desacatado o policiamento... mesmo assim, saiu ALGEMADO do campo SIM!!!! E a PM foi exaltada por isso!
Como podem pessoas que estudaram para serem jornalistas não terem um pingo de ética e começarem a chamar uma policial militar de "GORDA", "FEIA", "BARANGA", "CHEIA DE CELULITE". Independentemente de ser uma profissional de segurança pública, é uma mulher! É um ser humano! Merece respeito!
Se em seus estados famílias não podem ir ao campo para assistir a uma partida de futebol, aqui em Pernambuco podem!! Se em seus estados a torcida visitante não é bem assistida, aqui em Pernambuco é! Que o digam os corinthianos que vieram até Recife para visualizar o espetáculo da final da Copa do Brasil. Policiais Militares, amigos nossos, já tiveram oportunidade de ir ao Sudeste fazer parte de uma torcida visitante e têm relatos horríveis para contar...
Quantos já morreram em seus estádios?? Quantas tragédias já aconteceram?? Engraçado, ninguém divulga...
Estou falando da imprensa, mas se fosse aqui me reportar a alguns "cidadãos" que me remeteram mensagens totalmente preconceituosas pelo fato de ser mulher, de ser negra e de ser nordestina, teria que escrever um livro, e mesmo assim, ele seria censurado, tamanha baixaria que me foi enviada!
É doloroso, realmente, para algumas pessoas do Sudeste, vislumbrar a possibilidade de um time pernambucano e conseqüentemente nordestino, ter nas mãos o TROFÉU DA COPA DO BRASIL e fazer parte dos times que disputarão a TARÇA LIBERTADORES DA AMÉRICA.
Com tudo isso, o que causa ainda mais indignação é o fato de culparem o Náutico pelo acontecido. Triste, realmente triste...
Os clubes "terceirizam" o serviço da Polícia Militar justamente por não terem condições de realizar a segurança dos torcedores que vão assitir as partidas. Quem determina se os vestiários ficam abertos ou não é a Federação Pernambucana de Futebol. Que culpa teve o Náutico???!!!!!! É chato para o alguns que o Clube Náutico CAPIBARIBE - e não CAPIBERIBE como muitos divulgaram - esteja em posição privilegiada no Campeonato Brasileiro.
Impugnar um tópico da defesa do Náutico é normal, assim como é "normal" aceitar que uma denúncia de um órgão que deveria ser imparcial esteja repleta de frases emitindo juízos de valor, ao ponto de apresentar em suas linhas uma frase do tipo: "O estádio dos aflitos faz jus ao nome." É "normal", também, ter uma opinião formada mesmo antes de possuir em mãos o documento primordial para que se possa oferecer uma denúncia no âmbito desportivo.


Todos esses acontecimentos serviram para aguçar o sentimento de PERNAMBUCANIDADE. As pessoas que já tinham orgulho de serem pernambucanas hoje têm ainda mais, pois a injustiça tem o dom de unir as pessoas injustiçadas. O orgulho de sermos nordestinos aumentou ainda mais. Pra quem pensa que no Nordeste só tem analfabetos, comedores de cactus, sede e miséria, é bom fazer uma reflexão da importância que tem essa região para o desenvolvimento do BRASIL. Refletir nas pessoas que foram muito importantes para a nação e tiveram seu berço nessa rica região. Indico também a leitura sobre a riqueza do Sertão. Tenham certeza que não ficarão com tanta sede diante da rica vegetação sertaneja.


Finalizo agradecendo as pessoas que enxergaram a verdade dos fatos. Aos escalões superiores da PMPE, a Secretaria de Defesa Social, aos Deputados que compõem a Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco, aos Vereadores que fazem a Câmara Municipal de Recife e de Olinda, a Federação Pernambucana de Futebol, a imprensa pernambucana, que, infelizmente não possui abertura suficiente para divulgar o seu pensamento para todo o país, enfim, para toda a população pernambucana, afinal, nunca se tinha ouvido um grito de guerra tão alto e tão forte como foi ouvido no jogo da Final da Copa do Brasil na Ilha do Retiro, quando milhares de pessoas bradaram "AH!! É PERNAMBUCO!!!"
PARABÉNS PERNAMBUCO!!! Unido ainda mais repudiando o preconceito, a discriminação e a injustiça. "PERNAMBUCO, IMORTAL, IMORTAL!!!"